domingo, 3 de abril de 2011

“E A PEDRO” - AMOSTRA GRÁTIS DA GRAÇA

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Cenário: Jerusalém. Quando? Três dias após Cristo ter sido assassinado.  Naquele local e dia, três mulheres (Madalena, Maria e Salomé) visitaram o túmulo do Jesus morto. Ao chegarem, depararam-se com a pedra, que protegia o sepulcro, retirada.

Marcos 16: 1-7 narra a cena. Ao lado da pedra estava um homem vestido de branco. Ele avisou às mulheres que aquele, antes morto, já havia tornado a viver. Disse mais: “Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro: ‘Ele está indo adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão, como ele lhes disse". (v. 6 e 7) (grifei).

Jesus estava a dizer aos seus discípulos que ele tinha cumprido sua promessa: a de ressuscitar. A notícia de que Ele voltara a viver, e que inclusive marcara um encontro com eles na Galiléia, significaria uma injeção de ânimo naqueles homens que há poucos dias haviam assistido a alguém, que dizia ser Deus, ser humilhado e morto em praça pública.

Mas qual a razão da ênfase dada pelo anjo: “e a Pedro”? Por que Cristo não mandou um recado mais simples, como “diga aos discípulos”? Por que Jesus não disse “diga aos discípulos e a Tomé”, já que este era o discípulo “incrédulo”? Ou por que não “diga aos discípulos e a João”, considerando que este era o discípulo mais chegado do mestre?

Pouco antes de ser entregue aos carrascos, Jesus e Pedro foram protagonistas de um momento tenso, narrado em Mc 14:29,30. Ao revelar aos discípulos que seria preso e morto, Jesus ouviu de Pedro o seguinte: "Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei!". Cristo foi direto: "Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezes cante o galo, três vezes você me negará".

Dito e feito. O sangrento “Paixão de Cristo”, de Mel Gibson, retrata a cena da traição. Pedro, assustado e temendo ser preso junto a Jesus, por três vezes o nega. O galo canta.  Jesus, já preso e sendo castigado, passa por Pedro e fita em seus olhos.

O mundo de Pedro caiu. Deve ter pensado: “Logo eu? Trair o Mestre? Eu, que estava com Ele no Getsêmani e na Transfiguração! Eu, que tive a revelação do céu de que Ele era o Filho de Deus! Eu, que à espada tentei impedi-lo de ser preso! Eu, que me chamava Simão e por Ele fui transformado em “Pedro”! Como poderei algum dia me reaproximar dEle? Como Deus algum dia poderá me perdoar? Jamais!”

Por isso mesmo, Jesus mandou dizer: “Diga também a Pedro”. Este era quem mais precisava ouvir em alto e bom som que estava sendo chamado de volta pelo seu Senhor. Certamente, se o recado tivesse sido dado somente “aos discípulos”, Pedro não iria ao encontro de Jesus, pois é difícil imaginar que Pedro ainda se considerava um discípulo, após a “tripla-pública-traição”.

“E a Pedro” é o resgate de um homem do fundo de um poço. À beira, por que não, do suicídio, como sucedeu a Judas.

Cristo faz questão de enfatizar “E a Pedro”. O pescador precisava saber que a Graça estava estendida também a ele, especialmente a ele, inclusive apesar dele.

Isto é graça: favor imerecido de Deus. Não se compra Graça nos supermercados. Nem mesmo uma vida santa compra a Graça. Ela é de graça. Pela Graça, Pedro foi ao encontro de Jesus. Arrependido, perdoado e livre pela consciência desse perdão.

Pedro foi outro homem após este episódio.  Algo tão marcante que apenas o evangelho de Marcos registra o detalhe “E a Pedro”. Isso porque Marcos, o autor do evangelho, andava com Pedro, sendo que o evangelho de Marcos foi ditado por Pedro. Assim, um detalhe que passou despercebido para os escritores dos outros três evangelhos não escapou aos escritos de Marcos. Pedro não esqueceu.

Imagine o quanto teria deixado de se realizar através de Pedro se ele não tivesse sido banhado por essa graça perdoadora de Cristo? Hoje, nos lembramos dele como “São Pedro”, e não como “O traidor Pedro”. Agora, imagine o quanto poderia ter sido feito através de Judas se ele ao menos tivesse molhado os pés nas águas dessa Graça?

Perceba que, no rodapé da cada página de nossas vidas, está escrito por Deus: “E a Germano”, “E a Ribamar”, “E a Aryane”, “E a Edilson”...

São provas (e você achará inúmeras delas, se procurar) de que a mesma Graça que lavou a alma  de Pedro está à sua frente. Basta o arrependimento, o reconhecimento e a disposição de fazer e ser diferente. Você, como Eu e Pedro, trai a Cristo todos os dias. Sempre que peca. Algumas vezes, faz pior: vil, fútil, fria, meticulosa, insidiosa, premeditada, dissimulada, torpe e calculadamente o vende por algumas moedas, como fez Judas.

Entretanto, este é o Deus capaz de escrever uma nova frase ou estabelecer uma vírgula na história, simplesmente para perdoar você. A vírgula que Judas não quis ver.  A frase que mudou a vida de Pedro.

Uma amostra grátis de quem Jesus é.

Então faça como Pedro. Atenda ao recado e corra. Corra ao encontro do Cristo ressuscitado.

Por Edilson de Holanda