domingo, 5 de janeiro de 2014

SAUDADES DE MIM

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Há coisas que somente caixas velhas podem fazer por nós e contra nós. Foi revirando algumas dessas que encontrei, entre boletins de escola e recortes indesejados, a foto de um menino sentado atrás de uma mesa, com um lápis na mão, farda do colégio. Atrás, uma bandeira. 

Ele sorria. Leve e livremente, como se aquele fosse um sorriso definitivo, sem um “senão”, um “apesar”, um “mas”. Como ele conseguia sorrir daquela forma, impunemente? Um sorriso irritantemente feliz.

As curvas daquele sorriso me falam tanto. Lembro. Por elas escorriam leves as maiores certezas que alguém já pode ter, como uma correnteza que desce sem pedir licença. Ele era a mistura efusiva de destemor e idealismo, sonho e inquietação. Sabia tudo! Até o jeito desconsertado de pegar no lápis mostrava que ele iria ao seu modo escrever a História.

Ninguém jamais foi tão seguro em suas convicções. As mais grandiosas que se possa imaginar. Sob aqueles olhos sem sinais do tempo, sem olheiras de noites mal dormidas, que acumulavam lágrimas apenas de umas e outras traquinagens bem punidas, estava o mundo inteiro. Era apenas questão de tempo, pouco tempo, para que aquele menino pudesse mudar o mundo inteiro. Afinal, ele era tão pequeno. O mundo, e não o menino.

Princípios eternos inegociáveis, mentira jamais, verdade a todo custo, fidelidade sem importar as consequências, honestidade antes de qualquer conversa, ser um bastião da justiça, mesmo que as mãos calejem e os pés sangrem, porque há causas pelas quais vale a pena viver e um Deus que preenche de significado e prazer todo o ser, intelecto e coração, e por quem é capaz de até morrer. E assim a Bíblia inteira foi mastigada em poucos meses. Lida, amassada, comentada, sublinhada. A Bíblia eu também encontrei na caixa. Em pouco tempo aquele menino chegaria a todo o mundo e ninguém resistiria ao Amor, afinal não é difícil mudar as pessoas! Basta querer. Aquele sorriso me lembra o quanto ele queria.

Quando esse menino cresceu? Quando o medo do fracasso tirou-lhe a primeira hora de sono e a morte e a doença sussurraram-lhe pela primeira vez dizendo "nós existimos"? Quando o franzir da testa tornou-se ruga? Quando as curvas livres daqueles risos puros se tornaram as retas previsíveis destes sorrisos tensos? 

Reviro caixas e mais caixas em busca de outros registros que contem essa história, mas não acho. Como se algo quisesse me dizer que não se marca no calendário a data em que se deixa de ser menino para se tornar homem.

Quem disse àquele menino que alguns princípios podem ser discutidos? Que a mentira pode também pode arrancar-lhe uma risada? Que a verdade pode ser uma navalha? Que ser fiel e honesto pode parecer chato? Que ser injusto calha bem em tantos ambientes? Que a causa mais importante da vida é sentir-se bem, comer e dormir bem e, quanto ao mundo, paciência... Quem disse a ele que “as pessoas são e sempre serão mesmo assim”? Quem lhe disse que era apenas uma andorinha e que o tal verão era uma utopia?

“Quem não for como criança não entrará no reino dos céus”, leio preocupado. É que aquela criança eu já não sou mais. Foi o drama em calafrios do vestibular? A angústia febril do primeiro emprego? A morte crua de um próximo? O prenúncio da maioridade e o indelével “sustente-se”? As tentativas frustradas de tentar mudar os outros? As punhaladas letais dos escombros empoeirados do “poder eclesiástico” que feriram de quase morte o fim da adolescência, pondo em cheque a fé em Deus, nas pessoas e nas instituições, golpeando sonhos cultivados em comum e levando em comboio queridos tão próximos?

Não. Talvez tenha sido a capacidade adquirida que nenhum menino tem, nem mesmo aquele herói mirim da fotografia: a de olhar para dentro de si e ver realmente quem se é. 

A maturidade chegou? Que pretensão! Só é maduro quem sofre ao ponto de se aperfeiçoar. Como ser maduro e ser menino? Ser menino de verdade é ser dependente ao ponto de precisar ser conduzido, inclusive ao reino dos céus. Ser maduro de verdade é saber ser menino de verdade. 

O menino da foto não sabia disso. Mas o melhor dele em mim ainda borbulha em algum canto preservado e em intensidade suficiente para que eu não esqueça do menino que fui, do homem que sou e do menino de verdade que quero ser: maduro de verdade, com o melhor da imaturidade que já tive. De menino-herói a menino-gente. 

Se um dia disse “quero ser grande”, hoje sonho: “quero ser pequeno”.

Pra não morrer de saudades de mim.


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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

NÃO ÉS COMO EU

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Eu já havia quase desistido da música "gospel", até que conheci Jesus (Jesus Adrian Romero).

Feche os olhos e escute.  

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

TÃO SÓ UMA FRASE - PARTE 17

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Gasta-se muito tempo tentando-se explicar que Jesus é Deus, mas pouca gente se dedica a mostrar que Deus é Jesus.

HERÓIS E MOCINHAS

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Ouvindo essa música, pensei em como é interessante esse sentimento que a vida a dois desperta em nós, homens, de protetor. Acredito que isso seja de certa forma parte de nossa natureza e, mesmo que se esconda por algum tempo, floresce em um relacionamento. 

Minha identificação com essa canção foi imediata e é essa mesma a sensação que brota no coração quando se está ao lado de sua amada. Quase como um homem das cavernas que abandona o esconderijo pra enfrentar perigos na selva em busca do alimento e que volta para proteger sua morada. Quando chega e encontra sua protegida, a sensação é de heroísmo, “superman-ismo”. 

Claro, para quem gosta de cuidar é muito bom ter ao lado uma companheira que goste e saiba ser cuidada, mas aí já é outra história mais longa e complexa. 

Mas acho que esse jogo de herói e mocinha faz parte da conquista. Não apenas disso, também da conservação da conquista. De um lado, a moça indefesa que precisa de proteção. Do outro, o herói, que não precisa ser másculo nem ter o queixo do super homem, basta apenas fazê-la sentir-se cuidada e única. 

Talvez o que a mocinha não saiba é que, enquanto deixa-se ser cuidada, fornece ao seu amado uma inexplicável força propulsora, que o impulsiona a superar muitas de suas fraquezas, a continuar sonhando sonhos impossíveis e a lutar como contra javalis e mastodontes, para no fim merecer a maior das conquistas: ser dono do seu coração. 

E isso vale muito a pena!

sábado, 5 de outubro de 2013

“SEMTIR”

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Sentir que a vida passa
E tudo nela, também assim
Sem ti tenho a certeza
Que certas coisas não têm fim

Sentir que o tempo vai embora
Por entre os dedos e não acena
Sem ti lembro que as horas
Contigo valem tanto a pena

Sentir que tenho tanto
E o que me falta, ora pois?
Sem ti achei resposta
Não falta nada, só nós dois

Sentir que o oceano
Que nos aparta, assustador
Sem ti, é gota d’água
Pois cabe dentro de nosso amor

Sentir ser Deus tão bom!
De se louvar e reconhecer
Sem ti, Ele ainda prova:
Pois nos fez um: eu e você

sábado, 28 de setembro de 2013

CINE HOLLIÚDY, ENSINA A GLOBO AÍ, VAI LÁ!

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Pense num orgulho doido de ser cearense da gema!

Nunca ri tanto num filme. Era todo mundo se abrindo no cinema! Tá mais do que provado que pra fazer humor "ligítimo" num precisa ser estribado. Basta juntar uma ruma de cabeça chata num canto só!

Tome-lhe, Zorra Total!

Obs.: se você não sabe o que é “se abrindo”, pesquise!

TÃO SÓ UMA FRASE - PARTE 16

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A liberdade que Deus nos oferece não é exatamente para fazermos o que queremos, mas para não fazermos o que não queremos.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O CAFUNÉ E O REINO DE DEUS

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Eu não a via há anos. Minha lembrança era de seu sorriso agradável, dos cabelos grisalhos sempre bem cuidados e de sua cadeira de balanço, como toda velhinha gosta. Ah, e do carinho que sempre me demonstrou. Hoje, sem causa aparente, fui visitá-la. Sentei no sofá e enquanto apreciava um café ela adentrou a sala.

Ou melhor, adentraram a sala por ela. Numa cadeira de rodas, a conduziam. A presença daquele corpo, confesso, me incomodou. Afinal, quem sabe lidar soberanamente com o tempo que passa, inexorável? Que não se abate, por pouco que seja, com a presença da morte quando ela se aproxima, inexorável? Ou com as marcas implacáveis e inflexíveis do correr dos anos em nós?

Daquele corpo forte de outrora, restou um serzinho frágil que precisa, tal um bebê, ser carregado para sobre uma poltrona. Daqueles braços lépidos em me abraçar em minha chegada, sobraram fracos ossos cobertos por pouca carne e uma fina pele, sensível ao mínimo toque mais descuidado. E quase incapaz de levantarem para um simples aceno. Daqueles olhos que pareciam sorrir ao receber uma visita, ficou um olhar perdido, para o teto, para o nada ou para o tudo, para onde posicionassem sua cadeira. Da memória sempre viva a perguntar como estavam eu, meus estudos, meus pais... restou o Alzheimer.

Atônito e vítima desta minha imaturidade - afinal, ali não havia nada demais ou de menos do que o cumprimento do ciclo da vida - me aproximei sem esperança. Sem esperança de que ela me reconhecesse.

Coloquei-me bem diante dela, meio que roubando seu campo de visão. Ao pé de seu ouvido, falaram alto o meu nome. Segundos de silêncio. E ela finalmente me mirou. E sorriu. Disseram todos alegres na sala: “Ela reconheceu você. Ela ri quando reconhece alguém”. Tentou balbuciar alguma sílaba. 

Me senti agraciado. Sorri por dentro, comovido, sem imaginar que logo em seguida ela levantaria sua mão trêmula e tentaria acariciar meu rosto, sem sucesso. A pouca força e coordenação não permitiam. Tentei ajudar, até que a palma de sua mão estivesse toda em minha face.

Puxei um assento para perto e me demorei por longos dez minutos a acariciar seus cabelos. Para lá e para cá. Eles não tinham o brilho e o volume da senhora vaidosa de anos atrás. Mas os fios de sua cabeça ainda serviam para receber seu carinho favorito: um ingênuo cafuné.

Enquanto a mimava, me perguntei sobre quantos momentos tão preciosos quanto um cafuné podem ser apreciados por quem já não tem mais autonomia de corpo e de mente.

É verdade. Mas havia algo dela cuja autonomia restava plenamente preservada: seu espírito. Dentro de mim, algo me inquietou: “por que não?”. O papo na sala de estar já ia longe, para os outros. Foi quando me acheguei um pouco mais e disse clara e pausadamente: “Deus ama a senhora”. Esperei um pouco mais tentando calcular o tempo de a informação ser interpretada pelo cérebro fatigado. 

Repeti ainda mais calmamente: “Deus ama a senhora”. Embora sua feição me dera a certeza de que ela havia entendido, perguntei: “A senhora entendeu?” Sua boca mexeu e compreendi que aquilo era um milagre e que eu deveria prosseguir. “Deus está com a senhora. Aqui. Jesus ama a senhora. Ele está aqui. É ele quem preserva a sua vida”. Meu coração ardia por falar que Cristo a amava muito. Foi isso o que mais disse. 

Articulei brevemente sobre Jesus, confiando no muito que ela certamente já ouvira sobre a Paixão e Obra do Senhor em quase cem anos de vida e ainda temendo que ela se cansasse com tantas palavras.

Sim, ela certamente já tivera ouvido muito, mas talvez ainda não a pergunta que se seguiria em meu sermão íntimo: “Jesus quer morar em seu coração. Quer ser seu Senhor e Salvador. A senhora quer?”. Eu a ouvi dizer: “quero”. Repeti tudo de novo, enquanto seu rosto franzia, seus olhos fechavam de vez em quando e abriam, emocionados. 

Sua respiração acelerou ao ponto de me fazer medo. Fui em frente a aproveitei para deitar a mão em seu peito e acalmá-la dizendo que Jesus já estava morando ali. Orei para que ela escutasse, entregando a vida daquela mulher quase centenária Àquele que é eterno. 

Seguidor de Jesus ainda preso a tantas amarras invisíveis da religião, pedi que ela repetisse algumas palavras, e, este Cristo, que não tem amarras e é tão misericordioso, me fez ouvi-la novamente balbuciar: “Senhor Jesus, eu te recebo como Senhor e Salvador da minha vida. Vem morar em meu coração. Amém“.

Não sei explicar como me sinto agora. Mas sei que o Reino de Deus chegou àquele coração. 

No cafuné despretensioso e na boa-nova de que Jesus de verdade ama. Não porque foi minha a mão estendida (eu pecador a necessitar de misericórdia que sou) ou porque palavras minhas encontraram aquela mulher. Mas porque havia uma mão qualquer de alguém qualquer em inteireza de ser fazendo cafuné em alguém doente e cansado e porque palavras de vida eterna retiniram, num eco que ressoou desde a cruz do calvário até encontrar os ouvidos quase moucos daquela mulher. 

Jesus quis dizer o tempo todo, basta vê-lo, ouvi-lo e segui-lo, que o seu Reino era o reino dos fracos. Dos cansados, doentes, crianças, pobres, viúvas e desesperados. Por isso, tenho certeza de que Deus não demorou estender sua morada àquele coraçãozinho senil, depois daquele “quero”. Deus e seu Reino não foram vistos, mas estavam ali. É que o Reino de Deus não está na classe dos palcos, números e estardalhaços, mas estava na fraqueza daquela mulher. 

Foi uma das tardes mais singulares de minha vida. E já está decidido: voltarei àquela casa mais algumas vezes para novos momentos de cafuné e oração. 

Meu Deus, que privilégio!

"... Senhor, quando te vimos com fome ou com sede ou estrangeiro ou necessitado de roupas ou enfermo ou preso, e não te ajudamos? "Ele responderá: ‘Digo-lhes a verdade: o que vocês deixaram de fazer a alguns destes mais pequeninos, também a mim deixaram de fazê-lo”. Mateus 25:44-45

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

12 ANOS E NOVE MESES

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Há exatos doze anos e nove meses, nos olhamos de um jeito diferente. Amizade colorida? Enrolação de um rapaz indeciso? O certo é que de uma amizade de três anos, como melhores amigos, surgiu esse nosso namoro que, mês a mês, fazemos questão de comemorar. No início, com cartões, cartinhas e cartonas. Hoje, de tantas formas inclusive através deste blog.

Mesmo daqui de longe (no cartão escrevi longe com “j”!), fiz questão de providenciar a comemoração, dando a você essa florzinha (pra falar a verdade a mulher da floricultura falou o nome mas eu esqueci) que achei bonitinha.

E sigo agradecendo a Deus pelo vínculo que nos une.

É um prazer apaixonante ser seu namorado.

Feliz 12 anos e 9 meses, minha namorada!!!

A Essência da Coisa

Por Edilson de Holanda