Sem ousar ter a pretensão de dar “aula sobre ensino”, acredito, inicialmente, que certas profissões trazem em sua essência um princípio inegociável: seus militantes devem amar o que fazem e acreditar piamente em seu ofício. Uma delas é a Medicina. Imagine-se em uma mesa de cirurgia, nas mãos de um médico que não vê a hora de se livrar dos pacientes para ir embora mais cedo. A outra - em minha opinião, a mais relevante de todas - é a Educação.
Os danos causados por um “educador por falta de opção” não são tão perceptíveis quanto aqueles provocados por um médico não-vocacionado, mas, certamente, são mais graves. As marcas deixadas por um professor carrancudo e impiedoso se reproduzem por toda a vida da criança e do adolescente, traduzindo-se em aversão à escola e aos estudos. Este quadro, quase que invariavelmente, se refletirá, num futuro próximo, no incentivo (ou na falta dele) dado por estes estudantes a seus vindouros filhos.
Obviamente, o problema da Educação formal não se resume à falta de amor à causa de alguns educadores, mas certamente você se lembrará de algum professor que de tão “traumatizante” lhe causou uma “trava” com determinada matéria. Com a mesma intensidade, aqueles professores capazes de transmitir não apenas conteúdo, mas paixão por sua obra, são capazes de inspirarem seus pupilos a seguirem seus passos com denodo.
Precisamos, ainda, de educadores conscientes de que, mais que professores ou orientadores, são verdadeiras vitrines para cada educando. À medida que a eficácia de nosso modelo educacional enquanto construtor de bons cidadãos têm sido questionada, cabe a cada educador cumprir o papel que livro algum poderia realizar: o de gerar vida para fora do papel e para além de canetas e lápis.
Refiro-me à necessidade de que cada educador seja um exemplo para cada aprendiz. O esvaziamento dos discursos oficiais, positivistas e religiosos, na tentativa de resgatar nossa juventude, apenas pode ser vencido pelo exemplo vivo. É urgente que nossos educadores encarnem na rotina de suas atividades o modelo de educação que sonham. Apenas assim, cumprindo sua parte com paixão, a despeito de os outros não cumprirem ou de não contarem com a estrutura organizacional desejada, poderão tornar em realidade o que fora apenas utopia.
Carecemos de pessoas que ensinem com atitudes, que sustentem de pé o que dizem sentadas. Que possam dizer: “olhe para mim e imite meu exemplo”. Que estejam comprometidas não apenas com aulas, mas com quem assiste a elas. Enquanto nossos infantes não enxergarem em seus ambientes societários, principalmente família e escola, exemplos reais de ética, caráter, fidelidade, honestidade, cidadania e amor às letras, quaisquer outros esforços neste sentido serão em vão.
Por fim, necessitamos de educadores que acreditem de verdade em seus alunos enquanto pessoas criadas e amadas por Deus. Que carreguem consigo a esperança de que seu trabalho é parte concreta do aperfeiçoamento de um ser humano. Que transmitam a seus pupilos o quanto vale a pena acreditar em um futuro melhor e investir em seus talentos. Educadores que acreditem na preservação da família, no resgate da sociedade e no valor único que cada indivíduo possui enquanto pessoa humana, independentemente de onde e como tenha nascido e simplesmente porque existe. Simplesmente. E ponto final.
Edilson de Holanda
3 comentários:
Amei o texto....acredito piamente em tudo isso! Inclusive sofri pessoalmente alguns traumas de professores autoritários e ditadores!! Por essas e outras optei por colocar a minha filha pra estudar apenas com três anos completos...e vou ficar de olhos sempre bem abertos!!!
Beijos em vc e Tati!!
Hummmmm agora sim....o texto está igual....mas a configuração ficou muito melhor!!! heheheheheh
Muitas surpresas pra sexta!!!!
Parabéns pelo texto, excelente!
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