segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

LULA E A MER... - UM DETALHE ALÉM DO FEDOR.

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*Postagem com vídeo. Clique em "Mais informações"* 

Lula, há duas semanas, usou e abusou da sua condição de celebridade. Em eterna campanha e confortavelmente abrigado em suas vestes de figura popular, disparou:

“Eu quero saber se o povo está na mer... e quero tirar o povo da mer... em que ele se encontra"
[... ... ...]
O candidato ostenta uma posição em que pode falar o que quiser e da forma que quiser. O povo aplaudirá. Como aplaudiu o governador do Distrito Federal (aquele do dinheiro nas meias e onde mais houvesse espaço) ao lhe dar um novo mandato, apesar de ele ter inclusive confessado que violou o painel do Senado, poucos anos antes.

“Estou convencido de que nunca na história desse país o povo teve, como hoje tem, os políticos que merece”.

Furadores de fila, jogadores de papel na rua, subornadores de guarda de trânsito, enganadores de troco no ônibus...

Batalhadores, como Lula. Mas talvez encobertadores de mensalões, como Lula.

Se fosse Lula, não usaria aquelas palavras. Não era preciso. Foram fruto da falta de modos que Lula faz questão de preservar. Mas também não sei se, em seu lugar conseguiria fazer mais do que ele tem feito (embora imagino que seja possível). Resumidamente, votei nele entusiasticamente em seu primeiro mandato. Não votei no segundo. E provavelmente não votarei em sua candidata.

Mas o assunto não é bem esse.

Como Lula previu, os colunistas criticaram sua declaração. Porém, o que me espanta em tudo isso é que as críticas não foram direcionadas ao governo Lula, mas ao linguajar do presidente. À politicamente incorreta maneira de falar. Um presidente, em público, em um ato solene... Não importa se ele faz “mer...”. Importa se ele diz.

Quero dizer que “mer...” choca mais do que “fome”, “desemprego”, “falta de moradia”, “mortalidade infantil”.

Tudo isso denota uma velada hipocrisia, pois todos sabemos que quem criticou mais veementemente o candidato é capaz de usar palavras ainda mais chulas no dia-a-dia.

Infelizmente, estamos tão habituados a conviver com a miséria social que ela não nos alarma mais. Não movemos tantas palhas em favor dos mendigos, dos órfãos e dos marginalizados. Mas “mer...” sim: é um afronta a nossos ouvidos. “Tirar o povo da mer...” assusta mais do que saber que ele está lá.
A insensibilidade ante à degradação de um povo nos leva a engolir camelos e nos engasgarmos com mosquitos. Não poderíamos ter chegado a este ponto.

Por trás do fedor da declaração impensada (ou pensada) de Lula, fica uma certeza: para o povo, não importa o que ele diga, contanto que não faça “mer...” Para a “intelectualidade especializada”, não importa o que Lula faça: ele sempre fala “mer...”

Cada um tem um pouco de razão, mas não se gastam tantas linhas de indignação contra a fome ou a miséria de nosso país, quanto se gastaram contra a tal frase de Lula.

Isso sim fede.

5 comentários:

Wendel Cavalcante disse...

Edilson,
No Presidente Lula, não prega nem chiclete no cabelo! heheheheh!!!!
"Estou convencido de que nunca na história desse país" houve um Presidente tão popular! heheheheheh!!!
E quanto à crítica ao Governo Lula, e já fazendo a crítica autofágica, temos que encarar de vez o desafio de viver os valores da "Nova Jerusalém" aqui na Velha!
Abração.

Edilson de Holanda disse...

É verdade, Wendel!!!!

Cláudio disse...

E haja mer...como sempre se viu na história desse páis...

Anônimo disse...

"Afora o poder tudo é ilusão" Lênin

"até então os filósofos interpretaram o mundo, é preciso tranformá-lo" Marx

Que bom sua postagem sobre esse assunto, pois a política está em tudo, é impossivel viver sem ela, e é necessário tomarmos um "partido", querer ficar neutro, nos coloca do "lado" das elites...

A politicagem brasileira se compara a um pântano de águas podres, imundas, onde algumas pessoas se iludem e se lançam a jogar copos de água mineral, sonhando em limpar essa lama, enquanto permitirmos isso veremos cada vez mais esses absurdos das cuecas, das meias, das merd...

Só pensando um pouco disse...

Constatação: o fato de que acorrupção brasileira se tornou tão normal que, praticamente, não há, sinceramente falando, quem não faça dos seus "jeitinhos" nesse país. É do maior ao menor: corrupção é a palavra de ordem no país da lei de Gérson. Ou será que não há entre os mortais brasileiros quem ultrapasse um sinal vermelho?, pare em lugar proibido?, saía mais cedo do trabalho?... É geral!!!!

Por Edilson de Holanda