sábado, 19 de janeiro de 2013

15 ANOS EM 15 SEGUNDOS: UM TEXTO PARA VOCÊ

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Gosto de sentar ao teu lado, de repente, e rever as razões de sermos e estarmos juntos. É o que faço agora. São 20h, 14m e 10s.

À medida que ainda aceito que simplesmente te amo porque não conseguiria dizer outra coisa, a minha mente, numa lógica encarnada, soma, multiplica e só encontra como resultado motivos pra te amar e me apaixonar ainda mais. Como se fosse possível amar como quem se apaixona. E apaixonar-se como quem ama.

Vendo as linhas do teu rosto, que o tempo esculturou delicadamente como se o vento moldasse a natureza, relembro a primeira vez em que apreciei tua face delicada. Desde aquele dia, os ventos de todos os cantos sopraram a nosso favor, nos unindo para nunca mais nos fazer pairar em outro lugar que não fosse juntos.

Nos poucos segundos em que consigo te observar sem que você perceba e passe a me olhar para que fique envergonhado, lembro de como a tua companhia se tornou instantaneamente necessária para que eu me sentisse mais completo. Repriso em minha mente o primeiro dia dos últimos quinze anos. Foi quando te vi e em algum lugar do universo uma música começou a tocar. E começamos a dançar, cantar e viver no mesmo ritmo.

Não sei exatamente que música é essa, não sei quem canta (até sei!), nem se a música muda de tempos em tempos, a fim de que não enjoemos. Sei mesmo é que vivo ao seu lado as cadências de uma melodia. Há notas graves, agudas, mas sinto que vivemos cada nota, experimentamos com expectativa a chegada de uma nova estrofe, nos embasbacamos quando os instrumentos nos surpreendem com um solo melancólico e cantamos, entusiasmados, gritando mesmo, quando chegam os refrões. 

Demoraram cinco segundos. E você finalmente, às 20h, 14m e 15s, me flagrou te mirando ou, como gostamos de dizer, “scanneando”. Disfarço e te ofereço um abraço. Você aceita e então dou início ao que tenho exercitado nos últimos dias e não sei se você percebeu: Falar que te amo, te acalmar e falar sobre esperanças sem uma só palavra. Apenas te abraçando.

O mesmo abraço de há quinze anos, que não mudou desde que éramos apenas amiguinhos, depois amigos e agora namorados. Sinto apenas que tudo o que aquele abraço significava tomou contornos mais rebuscados, mas os significados são os mesmos. Eles dizem sobre respeito, admiração, contentamento e entusiasmo. Eles falam sobre aconchego, verdade e intimidade. E ainda parecem dizer: “como é bom estar aqui”, “que bom que você está aqui”, “não quero mais sair daqui”.

Enquanto te envolvo com os braços e nos acomodamos, tenho certeza de que ouço a música mesmo sem escutá-la com os ouvidos. Aos poucos, sinto o teu respirar e como nos acomodamos para que inspiremos e expiremos ao mesmo tempo. De vez em quando, percebo que você está respirando bem calmamente e eu ainda não. Então paro um pouco, espero por você. Me encaixo no seu ritmo e assim prosseguimos por infinitos segundos.  

E o que temos aprendido da vida senão a esperar um pelo outro, a sincronizar o respirar, prender o ar por um tempinho enquanto o outro não chega, inspirar e expirar no mesmo tom da canção inaudível, enquanto houver ar.

São 20h, 14m e 25s. Dez segundos de abraço. Quinze segundos se passaram, como se passaram os últimos quinze anos.

A música dita o nosso ritmo.

E escrevi este texto pra você.

3 comentários:

Anônimo disse...

O Roberto que se cuide, o cara é você!

Cláudio Porto disse...

É um poeta este meu amigo! Quinze anos em quinze segundos: por muito menos Juscelino foi presidente.

Karol Viana Noronha disse...

Amigo Edilson, lindo poema. Saudades de vocês e Tati. Beijos. E a paz de Jesus.

Por Edilson de Holanda